Justiça Social

“Não pode haver a mínima dúvida de que, se a estrela-d’alva da justiça, atualmente encoberta pelas nuvens da tirania, fosse irradiar sua luz sobre os homens, a face da Terra seria completamente transformada.”
Nenhum resplendor se compara ao da justiça. A justiça é um atributo do Criador e, por consequência, uma capacidade da alma humana. A todo ser humano é concedido, potencialmente, senso de justiça e sensibilidade de consciência para refletir o que leva ao desenvolvimento da humanidade e do planeta.

“A essência de tudo o que te temos revelado é a justiça; …com os olhos da unidade deve o homem discernir a glória de Deus, e averiguar todas as coisas com visão perspicaz.”

Se a vista está iluminada pela justiça, somos capazes de enxergar dignidade em todo ser humano, independente de suas condições exteriores. Quando o fazemos, se torna impossível permitir que um membro da família humana seja categorizado como inferior e esteja privado das condições necessárias para seu pleno desenvolvimento. Pelo contrário, a justiça nos leva a prover para os outros o que escolhemos para nós mesmos e a considerarmos o bem-estar da comunidade como nosso próprio.

“No âmago dos objetivos da Fé estão o estabelecimento de justiça e unidade no mundo, a remoção do preconceito e inimizade entre todas as pessoas, o despertar da compaixão e da compreensão nos corações de todos os homens e mulheres, e a elevação de todas as almas a um novo nível de espiritualidade e comportamento por meio da influência vitalizante.”

Essa qualidade espiritual se expressa em nossas ações individuais e na maneira como construímos estruturas e sistemas sociais. Ao falar sobre a desigualdade social, ‘Abdu’l-Bahá relembra que “as leis da nossa civilização atual são em grande parte responsáveis por esse estado de coisa”. Nos assuntos coletivos, a justiça é a força capaz de assegurar bem estar, tranquilidade e segurança. Dessa forma, os arranjos legais, políticos e econômicos de uma sociedade precisam criar condições para a equidade e o florescimento dos mais altos interesses da coletividade.

Os Escritos bahá’ís proclamam que, na atual fase de amadurecimento do gênero humano, o mundo precisa se adaptar a uma nova estrutura social que reflita a unicidade da humanidade. Isso permitirá que a equidade seja universalmente estabelecida, de modo que ninguém sofra necessidade nem seja rodeado de luxos.

Essa nova estrutura não nascerá de uma disputa de um grupo sobre outro. A justiça e a unidade estão interligadas, sendo assim, reparação, reconciliação e superação de conflitos incansáveis são  também parte do processo da busca por justiça. Preconceito e suspeita, neste novo ciclo, precisam ser substituídos por reciprocidade e cooperação.

Uma ordem social estruturada para atender às necessidades de um grupo às custas de outro resulta em injustiça e opressão. Em vez disso, o melhor interesse de cada parte componente é alcançado considerando suas necessidades no contexto do bem-estar do todo.

A justiça também implica em participação universal. Essa não pode ser estabelecida por meio de mero acordo de poucos. Cada indivíduo, que é em si um reservatório de potencialidades, tem poder para contribuir para uma sociedade mais justa. É beneficiando-nos do potencial completo da humanidade que poderemos encontrar medidas práticas e princípios espirituais que levarão a resolução justas para os problemas que afligem a sociedade hoje.

“A justiça não é limitada, é uma qualidade universal. Deve ser praticada em todas as classes, das mais altas às mais baixas. A justiça deve ser sagrada e os direitos de todas as pessoas devem ser considerados.”