O início da Fé bahá’í no Brasil

“No Oriente, a Luz de Sua Revelação surgiu; no Ocidente, os sinais de Seu domínio apareceram.” - Bahá'u'lláh

Quando Bahá’u’lláh, em meados do século XIX, anunciou ser o portador de uma mensagem destinada a transformar a vida espiritual da humanidade, muitas pessoas abraçaram essa nova Causa. A notícia desse acontecimento foi publicada em jornais brasileiros ainda naquele século, mas foi somente nas primeiras décadas do século XX que a Causa bahá’í começou a se estabelecer no Brasil.

Algumas mulheres tiveram um papel central nesse processo. Primeiro, em 1919, a jornalista estadunidense Martha Root, em uma épica viagem pela América Latina, aportou em diferentes cidades brasileiras, onde foi entrevistada por personalidades nacionais, publicou artigos em jornais e deixou livros bahá’ís para contribuir com o acervo de diversas bibliotecas. Foi, entretanto, em 1o de fevereiro de 1921, com a chegada, ao Porto do Rio de Janeiro, da jovem estadunidense Leonora Stirling Holsapple (lembrada hoje como Leonora Armstrong), que a Causa bahá’í lançou suas raízes mais profundas em solo brasileiro.

Dentre os primeiros a responder à mensagem bahá’í, estavam aqueles dedicados aos movimentos espiritualistas. Entre eles, destacam-se o senhor ngelo Guido Gnocchi, jornalista, teosofista, esperantista e artista plástico da cidade de Santos, em São Paulo; e o senhor Claudenor Luz, proprietário de uma pequena livraria na cidade da Bahia. A partir daí, brasileiras e brasileiros de todas as classes sociais e estilos de vida se aproximaram dessa Fé e tomaram para si a incumbência de divulgar amplamente a Mensagem bahá’í.

Em pouco tempo, pequenas comunidades locais emergiram nas cidades do país, primeiramente na cidade da Bahia, e mais tarde no Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Porto Alegre, Recife e em outros lugares.

Essas comunidades tornaram-se centros de atração para um crescente número de brasileiras e brasileiros que encontravam na mensagem bahá’í respostas aos seus anseios espirituais e sociais. Por entenderem que “a essência da fé está na escassez de palavras e abundância de ações”, essas pessoas rapidamente passaram a promover uma diversidade de atividades orientadas ao serviço ao bem comum e ao amor ao próximo, combinadas com um profundo senso de devoção a Deus.

O trabalho desenvolvido pelos bahá’ís encontrou também ressonância em diversas comunidades indígenas que compõem o nosso território. Ainda na década de 1960, indivíduos do povo Kiriri estavam entre os primeiros a aderirem à mensagem de Bahá’u’lláh na Bahia. Ao longo dos anos, membros de várias outras etnias, como Kariri-Xocó, Fulni-ô, Xucuru-Kariri, entre outras, também o fizeram. Eles reconheceram na mensagem de Bahá’u’lláh a possibilidade de unificar todos os povos e de contribuir ativamente para a construção de um novo mundo.

Atualmente, a comunidade bahá’í brasileira é composta por um recorte representativo da diversidade do nosso país. Juntamente com outras organizações e amigos de diferentes origens raciais, sociais e de crença, os bahá’ís brasileiros estão trabalhando em todo o país – nas comunidades ribeirinhas de Iranduba, do Amazonas; na aldeia Kariri-Xocó, de Alagoas; nos centros urbanos das grandes capitais; em cidades como Canoas, no Rio Grande do Sul; em bairros como São Sebastião, no Distrito Federal; e em tantas outras localidades de norte a sul, de leste a oeste – para criar um novo tipo de sociedade pautado pelo princípio da unicidade da humanidade.