Durante o período das férias escolares de julho, a comunidade bahá’í, com o apoio de diferentes organizações sociais, promoveu colônias de férias comunitárias em 11 cidades da região centro-norte do país, chegando a envolver mais de mil pessoas, das quais cerca de 600 eram crianças e pré-jovens, e o restante voluntários e parceiros. Brasília, Campo Grande, Maceió e Iranduba foram algumas das localidades que sediaram as atividades, oferecendo um ambiente seguro e saudável para a população mais jovem. A iniciativa é parte de um movimento mais profundo que visa à construção de uma sociedade justa e equitativa, reunindo pessoas de diferentes origens em um empreendimento comum, inspiradas pelos princípios e Ensinamentos bahá’ís .
Nesse sentido, a realização das colônias ilustra de forma concreta de que forma a comunidade bahá’í tem trabalhado para implementar em termos de educação e desenvolvimento comunitário. Elas se configuram como espaços de aprendizado e diversão, onde crianças e adolescentes têm a oportunidade de explorar os valores morais e espirituais que contribuem para seu crescimento integral. Esses valores são refletidos no trabalho em conjunto, na criação de um ambiente de apoio mútuo e na inclusão de todas as pessoas interessadas em participar.
Através delas, territórios inteiros têm aprendido sobre como desenvolver processos inclusivos, para permitir que mais pessoas entrem e se envolvam nos esforços de transformação comunitária. Essas atividades não são, portanto, um fim em si mesmas, mas um instrumento poderoso para ampliar o acesso e a participação nas atividades educativas e sociais oferecidas pela comunidade bahá’í com o apoio de colaboradores e parceiros. Ao mesmo tempo, permitem que pessoas das mais diversas origens expressem seu desejo de contribuir ao progresso de suas comunidades.
É por esse motivo que os materiais utilizados foram cuidadosamente preparados para que qualquer pessoa, independentemente de sua experiência ou conhecimento prévio, pudesse chegar e servir de maneira significativa. Essa abertura para incluir a todos, somada a um ambiente de apoio e reflexão constante, facilitou a superação de desafios e o desenvolvimento de novas capacidades. A colaboração diária entre indivíduos recém-chegados e aqueles com mais experiência criou um espaço onde todos podiam contribuir em pé de igualdade, promovendo um crescimento coletivo.
Ao refletir sobre esse aspecto, Maria Eduarda, jovem de 16 anos, moradora da Cidade Estrutural em Brasília, comentou: “Como é gratificante para mim ter a experiência de cuidar e ajudar a cuidar de pré-jovens! É novo? Sim, claro! Mas eu gostei bastante. Aprendi muita coisa durante esses dias”.
Conscientes de que a transformação social exige a participação universal, a comunidade bahá’í buscou, nas 11 cidades, a colaboração de diversas organizações e atores sociais, para planejar e executar as colônias de férias. Com uma abordagem que privilegia parcerias genuínas, a capacidade de atrair e envolver diferentes atores sociais em variados níveis de compromisso foi um elemento central. Desde organizações que tomaram conhecimento das colônias e observaram seu impacto à distância, até aquelas que ofereceram apoio com recursos ou expertise, e, finalmente, aquelas que se engajaram ativamente no planejamento, execução e reflexão diária das atividades, todas contribuíram para um esforço coletivo que compartilha uma visão comum de educação e desenvolvimento comunitário.
Em Iranduba, o Instituto Bahá’í de Capacitação colaborou com diversas organizações locais para enriquecer as atividades da colônia de férias. A Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) realizou uma palestra sobre saúde bucal, durante a qual as crianças receberam escovas de dente e orientações práticas. Além disso, a Assistência Social ministrou uma palestra focada na promoção da cultura de paz, cidadania e direitos humanos. Outro parceiro foi o Instituto de Artes Marciais KabokoTeam, que ofereceu técnicas de defesa pessoal e movimentos de Jiu-Jitsu. A Polícia Civil de Iranduba contribuiu com uma palestra sobre segurança doméstica, abordando temas como prevenção ao uso de drogas e riscos na internet, além de uma demonstração com cães adestrados, mostrando suas habilidades de combate ao crime. Para encerrar as atividades, o Grupo de Capoeira Alforria trouxe música, dança e demonstrações de capoeira, envolvendo todos os participantes na prática de movimentos básicos dessa arte marcial.
A projeção para janeiro próximo é alcançar mais participantes e colaboradores, com a expectativa de realização de 30 colônias de férias em toda a região, envolvendo cerca de 2.500 pessoas. A experiência acumulada até agora demonstra que, com a colaboração e o apoio contínuo de diversas organizações e indivíduos, é possível superar os desafios e ampliar o impacto nas comunidades.
Relatos de diferentes localidades reforçam a importância dessas colônias como instrumentos de mudança social. Na Vila do Boa, no Distrito Federal, Marlene Yoko, uma das organizadoras da iniciativa, relatou uma conversa com um conselheiro tutelar local. “Ele destacou a relevância das atividades em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em particular, o artigo 3º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que assegura a todas as crianças e adolescentes o pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Esse reconhecimento oficial evidencia a importância do trabalho realizado e reforça a necessidade de continuar a construir relações de colaboração que possam amplificar o impacto dessas iniciativas”, comentou.
Assim, as colônias de férias não apenas oferecem uma visão concreta do que a comunidade bahá’í tem tentado realizar, mas também servem como catalisadoras para o desenvolvimento de parcerias e para a construção de um movimento colaborativo que transcende as fronteiras da comunidade bahá’í, envolvendo toda a sociedade no esforço por uma transformação profunda e duradoura.