Injustiça cruel: Mahvash Sabet e Fariba Kamalabadi condenadas a uma segunda década de prisão no Irã

As duas mulheres bahá’ís iranianas, Mahvash Sabet (à esquerda) e Fariba Kamalabadi (à direita), foram presas em 31 de julho – pela segunda vez – no início de uma nova repressão contra os bahá’ís do Irã.

GENEBRA – Em meio a ações cada vez mais violentas e repressivas das autoridades iranianas contra seus próprios cidadãos, duas mulheres bahá’ís, Mahvash Sabet e Fariba Kamalabadi, consideradas símbolos de resiliência no Irã após passarem uma década aprisionadas, foram condenadas a uma segunda cruel prisão de 10 anos.

As duas mulheres bahá’ís iranianas foram presas em 31 de julho – pela segunda vez – no início de uma nova repressão contra os bahá’ís iranianos.

Mais de 320 bahá’ís foram afetados por ações individuais de perseguição desde a prisão de Mahvash e Fariba. Dezenas foram presos em vários pontos na cidade de Shiraz, bem como na província de Mazandaran e em outras partes do país. Casas pertencentes a bahá’ís na aldeia de Roshankouh foram demolidas. Os planos do governo de atacar os bahá’ís por meio de discurso de ódio e propaganda também foram expostos. E pelo menos 90 bahá’ís estão atualmente na prisão ou sujeitos a monitoramento degradante com tornozeleiras.

A última sentença de prisão foi proferida após um julgamento de uma hora em 21 de novembro – uma hora que foi gasta principalmente com o juiz insultando e humilhando as rés. Este julgamento aconteceu quase quatro meses depois do aprisionamento delas. O juiz Iman Afshari, que preside a 26ª Seção do Tribunal Revolucionário em Teerã, repreendeu as duas mulheres por “não terem aprendido a lição” da prisão anterior.

A Dra. Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel e advogada de defesa de Mahvash e Fariba durante o primeiro julgamento delas, disse em 2008 que “nenhuma partícula de evidência” foi dada para provar as acusações de ameaça à segurança nacional ou outras alegações. Nem houve qualquer nova evidência neste julgamento mais recente.

Mahvash, de 69 anos, e Fariba, de 60 anos, foram presas pela primeira vez em 2008. Cumpriram uma década de prisão injusta, sendo libertadas em 2018. Agora, mais uma vez, são alvos de uma nova sentença de condenação de 10 anos.

“É profundamente angustiante saber que essas duas mulheres bahá’ís que já perderam injustamente uma década de suas vidas na prisão por suas crenças, estão mais uma vez sendo encarceradas por mais 10 anos sob as mesmas absurdas acusações”, disse Simin Fahandej, Representante da Comunidade Internacional Bahá’í nas Nações Unidas. “Mahvash e Fariba são esposas, mães e avós de famílias que já foram forçadas a suportar sua ausência por 10 anos brutais. Em vez de expressar pesar a essas famílias pela prisão injusta que já sofreram, o governo iraniano está repetindo de forma inacreditável e inexplicável a mesma crueldade pela segunda vez. Esta sentença ridícula, proferida sem qualquer base em provas, é de uma zombaria absoluta com o sistema judicial iraniano, em que os julgadores atuam como promotor, juízes e júri, tudo ao mesmo tempo. Palavras não conseguem descrever essa injustiça absurda e cruel”.

Defensores das duas mulheres chamam-nas de símbolos de resiliência, confidentes de outros indivíduos oprimidos e presos, e mães de todas as mulheres iranianas.

Mahvash Sabet ganhou destaque internacional depois que um volume de poemas que ela escreveu na prisão foi publicado em inglês sob o título “Prison Poems”. Mahvash foi reconhecida pela PEN International em 2017 como Escritora Internacional de Coragem.

Várias outras mulheres iranianas proeminentes foram presas ao mesmo tempo em que Mahvash e Fariba durante a primeira prisão delas. Faezeh Hashemi, filha do ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, que foi aprisionada novamente por apoiar as demandas das mulheres no Irã, ganhou as manchetes quando visitou Fariba durante as saídas temporárias e após sua libertação. E a jornalista irano-americana Roxana Saberi, que dividia uma cela com Mahvash e Fariba, disse que as duas bahá’ís se tornaram fontes de conforto e esperança para suas companheiras de prisão.

“Considerando a nomeação feita pela revista Time às mulheres iranianas como “Heróis do Ano”, a comunidade internacional reconheceu com razão a bravura e o heroísmo de todos os iranianos, especialmente das mulheres, que permanecem firmes e sacrificiais em exigir justiça e igualdade diante da repressão violenta e brutal de seus direitos”, acrescentou a Sra. Fahandej. “Mahvash e Fariba são duas dessas mulheres, que por muitos anos defenderam e promoveram a igualdade entre mulheres e homens, clamaram por justiça e verdade e que, como resultado, já pagaram um alto preço por defender esses princípios. Vamos todos agora defendê-las, e com todas as mulheres iranianas, dizer ao governo do Irã que ele deve revogar esta sentença, libertar Mahvash e Fariba e todos os outros prisioneiros de consciência, e desmantelar todas as partes de sua maquinaria de repressão que sistematicamente viola os direitos humanos de seus povos”.

Histórico

Mahvash, de 69 anos, e Fariba, de 60 anos, foram presas pela primeira vez em 2008 quando membros de um grupo informal que atendia às necessidades espirituais básicas da comunidade bahá’í com pleno conhecimento do governo iraniano. Todos os membros desse grupo, incluindo cinco homens e duas mulheres, foram condenados a 10 anos de prisão por suas crenças. Mahvash, Fariba e os outros foram finalmente libertados em 2018.

Fonte: Bahá’í International Community. Original em inglês aqui.

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