Troca de aprendizados caracterizam início de projeto nacional que promove reflexões sobre uma sociedade mais justa

Neste mês de abril, o escritório de relações institucionais da Comunidade Bahá’í do Brasil deu início a uma série de encontros como parte do projeto nacional “Edificando uma perspectiva para uma sociedade mais justa”, realizado em colaboração com o Instituto Maria e João Aleixo, do Rio de Janeiro, e com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, do Governo Federal.

Essa iniciativa propõe a realização de conversações nas cidades de Manaus/AM, Salvador/BA, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e Porto Alegre/RS, a partir da criação de um espaço contínuo em que protagonistas sociais, das mais diversas temáticas de atuação, reflitam juntos sobre suas experiências de base à luz dos desafios, aprendizagens e ideias que são comuns às pautas que ombreiam. O pressuposto central é o de que para construir uma nova mentalidade e desenhar outros cursos de ação possíveis, é necessário dar atenção às crenças e aos princípios que servem como ponto de partida para mobilizar esforços em direção a uma sociedade mais justa.

As conversas são norteadas com base em um material que contempla ideias e perguntas que provoquem as reflexões. Imagem: Kian Shaikhzadeh

O projeto terá duração de cinco ciclos, de dois meses cada, tendo um encontro por mês. Cada ciclo terá como foco um tema específico a ser trabalhado na seguinte sequência: 1) a promoção da dignidade humana, 2) a importância da participação social, 3) a desconstrução de uma cultura da violência, 4) o desafio de construir consenso e coesão social e 5) o papel do conhecimento e da educação. 

As três primeiras cidades a abrirem os trabalhos foram Manaus, Brasília e Salvador. Na capital amazonense, o encontro foi realizado na Escola do Futuro/ADCAM, e contou com a participação de 23 pessoas, entre representantes das secretarias estaduais de Educação e Assistência Social, diretores de escola do bairro de Gilberto Mestrinho, líderes de movimentos sociais de Manaus e Cacau Pirêra, funcionários do corpo administrativo da ADCAM, representantes do poder judiciário e de denominações religiosas, além de membros da comunidade bahá’í.

Encontro em Manaus/AM. Imagem: Cristiane Gomes

Nessa oportunidade, conversações profundas emergiram sobre o papel da educação na promoção dos direitos, a importância do resgate de um senso de humanidade junto às populações vulnerabilizadas, além da centralidade da compreensão sobre a história das desigualdades no Brasil.

Por sua vez, a capital federal realizou o encontro no próprio edifício do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), na Esplanada dos Ministérios. Na sessão de abertura, o assessor especial de educação e cultura do MDHC, Sr. João Moura, compartilhou que “a iniciativa dialoga com uma das preocupações centrais do Ministério, baseada no entendimento de que a promoção dos direitos humanos, no Brasil, é um processo que envolve conquistar corações e mentes, muito mais que um esforço cognitivo, apenas”. O que isso significa e como conquistar os corações e as mentes “do homem e da mulher comum (…) serão algumas das questões sobre as quais o grupo se debruçará ao longo do projeto”, comentou.

Participantes do evento em Brasília/DF. Imagem: Nabil Sami

Ali, as 25 pessoas presentes, dentre as quais assessores parlamentares, membros de comissões da OAB, ativistas e representantes de organizações da sociedade civil, olharam diferentes perspectivas da dignidade humana, e, à luz da experiência, exploraram perguntas sobre o reconhecimento desse princípio; como abordá-lo para além da garantia de direitos; e o papel da educação como central à sua promoção.

Já em Salvador, 33 atores e atrizes sociais participaram do encontro realizado no Ministério Público do Estado da Bahia, que contou com as contribuições de agentes comunitários de saúde, professores universitários, cineastas, policiais, representantes religiosos, entre outros. O ideal de “unidade na diversidade” ganhou destaque na conversa e, dentre as questões abordadas, mencionou-se a necessidade de descentramento do olhar para o tema, pluralizando as referências sobre o assunto. Além disso, uma das participantes chamou atenção para uma dimensão da dignidade humana que considera essencial no contexto contemporâneo: “quem se sente digno, pode sonhar com novos mundos e possibilidades”, afirmou.

Participantes reunidos em Salvador/BA. Imagem: Kian Shaikhzadeh

Luiza Cavalcanti, representante institucional da comunidade bahá’í do Brasil, analisa os encontros como uma oportunidade para diferentes segmentos da sociedade dialogarem entre si e construírem uma visão comum sobre o futuro. “De alguma forma, nossas experiências estão ancoradas em conceitos e princípios que ganham expressão no campo da ação e, ao mesmo tempo, nossa compreensão sobre eles se transforma com a prática. À medida em que aprendemos a conversar a respeito e analisar coletivamente o marco que nos orienta, desenvolvemos estratégias mais coerentes e convergentes”, explica ela.

Ela lembra que os encontros de São Paulo e Porto Alegre acontecerão nas próximas semanas, e conclui que tais eventos, acontecendo em diversas regiões do país, “permitirão a produção de um conhecimento em rede que pretende se aproximar da riqueza de experiências espalhadas pelo Brasil”.

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